quarta-feira, setembro 27, 2006

V2

(Depois de uma longa pausa aqui fica a segunda parte deste mini conto... vamos a ver se a terceira demora menos)

-Não existem palavras para te contar a história dos meus ultimos anos. Não existe forma de te explicar o que me aconteceu. Mas existem mais formas de comunicar o que se passou do que usando as secas palavras. Formas com o poder de te mostrar que o que tenho para te contar é mais real do que o sonho mais estranho.

Dou um passo em frente e tu recuas. Dou mais um passo e tu ficas entre mim e a parede. Estendo a mão para a tua face enquanto um grito se começa a soltar dos teus lábios para logo morrer ao meu toque.

As imagens que te passo da minha vida nestes anos são muitas e complexas. Muita dor e muita confusão. Perdoa meu amor mas não consegui organizar as coisas de outra forma.

Naquela noite em que uma criatura antiga colocou as suas garras nos meus ombros e os dentes no pescoço e se alimentou da seiva da minha vida. Desde esse dia tambem eu me tornei outro... Me tornei diferente.

-Os vampiros existem meu amor. Os vampiros existem e andam entre nós.

-Não pode ser! Que loucura é essa que estás a falar?

-Não é loucura! Eu acabei de te mostrar!

-Não! NÃO!! Sai daqui! Sai!

-Não faças isto! Eu nunca te menti meu amor! É o que eu sou! Sou vampiro, e se não acreditas em mim vou-te mostrar!

Abro a boca enquanto os dentes começam a crescer. Os olhos mudam do castanho para um raiado verde e amarelo.

-Não! - Gritas de horror.

Olho nos olhos e vejo o terror que te invade.

Controlo a transformação e volto ao meu ser normal. Não estás pronta para me ver como eu agora sou. Fico sentado no sofá minutos que parecem horas até que me perguntas.

-Mas... não é possivel. Isso... vampiros não existem....- ficas um pouco mais tempo a pensar e olhar para mim - Mas que loucura.... Estás mais forte e de ombros mais largos, mas tudo isso se pode mudar... Mas estás mais alto e isso não se altera assim.

-Naquela altura que estive em Itália... O grupo de trabalho foi passar um fim de semana num castelo nos alpes. Ficámos numa hospedaria que era um antigo castelo. O dono do castelo era um homem simpático e educado... Mal nós sabiamos oq ue nos esperava. Durante a noite eu e a Valkiria fomos atacados e presos nas catacumbas. Dai veio a ideia que tinhamos partido os dois. Estivemos presos durante 10 meses até que o nosso Sr depois de nos transformar nos deixou finalmente partir.

Contei depois tudo o que se tinha passado na minha vida. A incerteza do futuro, a vida escondido. O medo do Sol e de ser descoberto.... Até que descobri.... Se me fosse possível matar o meu criador poderia ficar com toda a sua fortuna. Desde esse dia que dediquei todo o meu tempo a ganhar forças para a batalha.

-Quando o ataquei quase morri logo no início. Mas o Jules, pois esse era o nome do monstro, era bastante arrugante e pensava que tinha ganho a peleja. Foi nessa altura que o ataquei com uma chuva de centenas de agulhas de prata. Foi trespassado por algumas e morreu. Nesse momento fiquei livre meu amor. Livre para poder voltar aqui para te ver.

-Mas pensas que isto é assim? Mesmo que nada disso tivesse acontecido achas que chegavas aqui e eu estava a tua espera?

-Sim. E eu sei que sim. Aquilo que nos uniu numa noite de fim de ano à 8 anos atrás não morre assim. Eu nada fiz este tempo todo do que desejar te voltar a ver.

-E porque não voltaste antes quando esse monstro te libertou?

-Porque não era realmente livre. Quando bebeu do meu sangue ele soube tudo sobre mim. Ele sabia o quanto eu te amava, e que tu eras a minha ligação com o mundo dos vivos. Se voltasse a Coimbra ele saberia e viria aqui para te matar.

-Mas..... Mas assumindo que eu até aceito tudo o que me dizes, e que me permito a abrir o coração depois deste tempo, que futuro esperas tu para nós?

-Quando estava a preparar a minha vingança descobri que sou um diurno. Se me deres o teu sangue, e eu te devolver a nossa mistura, temos uma probabilidade de tu tambem te tornares uma diurna e não uma vampira normal.

-Não... Não meu amor, não estou preparada! - fazes uma pausa enquanto olhas para mim - Porque sorris com o que te disse?

-Disseste "meu amor"

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Está lindo, envolvente, sedutor e..., saboroso! Continua borreguinho, estou a adorar! (K)

6:12 da tarde  

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