quinta-feira, janeiro 19, 2006

Fazia Sol no Sonho

Mascara
Fazia Sol quando peguei no carro. Estava quente. Hora imprópria para viagens. Ligo o motor e o ar condicionado. Coloco a mochila na mala e arrumo com cuidado o saco do portátil. A caixa de cd's de música fica no porta luvas.

Vou uns minutos para a sombra e revejo mentalmente o trajecto IP3...IP5 e depois umas quantas nacionais. Já fiz várias vezes o caminho para aquelas bandas. Mas desta vez parecia que tinha medo de me perder e ir acabar no alentejo ou algo do género.

- Borreguinha, será boa ideia aparecer assim em tua casa? O que irá a tua família pensar.
- Que és um amigo meu que me veio visitar.
- Mas eu tenho família ai perto, não faz sentido ficar em tua casa. Eles vão achar isso, e a minha família também se souber que ai estou.... E eu não sei como me comportar....
- Sim tu és um bocado bronco e matarruano, não te sabes comportar numa casa fina. - Sinto o riso nos teus lábios..
- Borrega... Ok estou ai amanha depois do almoço pois de manhã tenho de ir tratar de umas coisas.
- Beijo grande. Faz boa viagem manda toque quando saires e qd estiveres a chegar para te ir buscar.
- Outro. Dorme bem linda.

A decisão do dia anterior continuava a pesar na cabeça. Seria boa ideia levar isto neste sentido? Seria capaz de a ver naquela situação?

Pego no carro, coloco a tocar algo que me ajude a desligar o pensamento. Devo estar mesmo louco. Mas a ideia de juntar mais uma semana de separação a esta que tinha passado foi demais para me controlar. Nem a ideia de não lhe poder tocar, não a poder beijar quando nos fosse apetecer.

Desligo o cérebro e sigo a estrada. Mais um kilómetro de viagem... Menos um de distância.

Os olhos mágicos que nos ultimos meses me tinha acostumado e ver diáriamente já se tinham ido embora faz tempo. Os olhos que eu via quando fechava os meus e me chamavam para junto de si.

CUIDADO!!!!
Adormecer embalado em sonhos ao volante é má ideia. Ponho a musica mais alto e coloco os pensamentos na estrada. Mais um kilómetro de viagem... Menos um de distância.

Quando chego a ********* na praça da vila lá está ela.

- Estás bem? - É a primeira coisa que me diz mal chego.
- Nervoso.... e desidratado.
- Vamos beber algo ao café.

No café o primeiro choque. Sentado numa mesa com um grupo de amigos está ele. Ela chega junto do grupo, cumprimenta os presentes e apresenta-me ao grupo:

- Este é o ******* um amigo meu. Estes são o ***, a ****, o ***** e o ****** tu já conheces.

Estendo a todos a mão e vou dizendo "-Prazer." ao chegar ao último a reacção fria e de imobilidade informa os presentes sobre quem aqui está.

Sentamo-nos e pedimos. Um ice-tea e uma tulipa. Tento acompanhar a conversa, fazer com que a pessoa que aqui me trás se sinta minimamente feliz. Mas só consigo pensar nos olhos que olham do outro lado da mesa.
Estou estafado. Fecho os olhos e na minha mente a imagem da sua boca sorridente acalma a minha ansiedade. Volto a abrir, respiro fundo e sigo em frente.