quinta-feira, janeiro 12, 2006

Aquela tarde

Procurava motivo para não pegar numa montanha de papéis quando o telefone tocou. Era alguêm que eu já não esperava ouvir. Pelo menos não tão cedo.

"Não me devias ter beijado. O que sinto por ti não é isso. Devias ter sentido isso bem cedo."

Tinham sido estas as últimas palavras dela na semana anterior. Depois delas um silêncio em todas as frentes.

- Olá! Tudo bem contigo? - Disse eu tentando parecer casual.
- Olá... Sim está tudo bem...........
O silêncio dela significava que não.
- Então? E queres falar sobre estar bem?
- ........ Sim.... Não..... Que confusão... Podes vir a minha casa?
- Agora? Assim repentinamente?
- Sim... Agora.
- ....Ok estou aí em 20 minutos.

Entro no apartamento e mal tenho tempo para dizer olá pois já fui agarrado e tenho os seus lábios nos meus. Respondo ao bejo, sentindo o mesmo fogo que da outra vez. Mas apesar do fogo ser o mesmo agora está tão diferente. Como se as amarras que travavam o abraçar da sensação tivessem sido removidas. Ao fim de uns minutos separas-se de mim e virando costas ruma para o sofá. Antes de o alcançar pára. Apesar de nunca deixar de estar de costas voltadas para mim consigo ouvir as lágrimas a sair daqueles olhos sempre lindos e a cairem no chão.

- Então linda? Que se passa?
- .... Tu sabes bem o que se passa? Eu não posso fazer isto!
- Se podes ou não só eu e tu sabemos e podemos dizer.... Mais ninguêm. Quanto a querer.... acho que é claro que ambos queremos.
- Eu não posso querer!

Continua de costas voltadas para mim. As lágrimas tornaram-se em choro convulsivo. Aproximo-me dela e coloco as mãos nos ombros. Sinto que ela vai continuar a fugir de mim e seguro com firmeza. Passo para a frente dela e levanto a face para os meus olhos. Com as pontas dos dedos limpo as lágrimas que ainda correm. Sou culpado daquelas lágrimas mas sinto que devo sorrir. Não existe nenhum prazer perverso, nem nenhum pecado obscuro que me façam sorrir quando uma mulher de quem gosto chora por minha causa; apenas sinto que lhe devo transmitir alguma força.

- Ei!!! Que é isto linda? Até parece que o mundo está para acabar. Já soubeste dar a volta por cima a coisas bem mais complicadas e aborrecidas e agora isto?

Sento-a no sofá e vou até a cozinha. Coloco água e ligo a chaleira eléctrica. Procuro nos armários até encontrar tudo o que preciso. Duas chávenas, um bule, um saco de chá, duas colheres e o pote do açucar. Coloco tudo numa bandeja e levo para a sala.

- És um querido.... Por seres um querido é que eu estou assim!

Não digo nada. Sirvo o chá. Bebo com calma o meu enquanto olhamos nos olhos um do outro. O silêncio não nos assusta.... Que mais quererá ela.

Levanto-me e ligo a aparelhagem e enquanto procuro o CD sinto os olhos dela a percorrer as minhas formas e acções.


Descubrimos vos y yo
en el triste carnaval
una musica brutal
melodias de dolor

Despertamos vos y yo
y en el lento divagar
una musica brutal
encendio nuestra pasion

Dame tu calor,
bebete mi amor


Pego-lhe na mão e levanto a de encontro a mim.

- Não!!!
- Uma dança..... O que é uma dança?

A sua forma de dançar.... Eu sou um aprendiz nas suas mãos. Um Tango invertido, mas continuando a ser a forma de dança mais sensual. Mais do que a forma como os corpos se agarram é a forma como eles passam um no outro. Os olhares trocados. Aqueles olhos que me chamam e me dizem para sair. Todo o meu desejo é que ela não chore. Só a quero ver feliz.

- Beija-me!
- Não chores..... Por favor não chores.
- Eu não volto a chorar por isto.

O duelo das almas. A forma como entregues aos seus pecados aqueles dois se tocam nos lábios. Nas mãos, nos lóbulos. Ela saberia? Mordiscando os lóbulos, trincando, percorrendo o contorno com a lingua. Não aguento mais!

Agarro na base da sua camisola preta e levanto. Não resisti... Quero-a para mim.

Canto-lhe duas estrofes.
- Vem.... vem que o amor não é o tempo. Nem é o tempo que o faz.
- Vem que o amor é o momento eu que eu me dou....

O sangue corre nas veias rápido e quente. Ela controla a música. Caiu no sofá. Perco as sapatilhas. Perco as camisolas. Perco as calças. As suas mãos não se perdem por ai. Solta as suas calças. Solta o cabelo. Solta o seu corpo da prisão das roupas e junta-se a mim no sofá.

- Ó linda, aonde estamos a ir?
- A onde nos levar o pensamento.

Deito-me e coloco o seu corpo sobre o meu. Beijo os seus lábios e deixo as mãos passear naquele corpo de pecado.

- Tem cuidado rapariga.....
- Porquê?
- Posso perder completamente o controlo....
- Ainda bem.... Eu já perdi o meu......

Solto as molas que prendem aquele pedaço de pano. São lindos os peitos que me esperam escondidos. Toco ao de leve na aréola e passo a lingua na ponta do mamilo... Repentinamente o seu corpo arqueia para trás e consigo ver que os mamilos se tornam erectos e ainda mais convidativos.
Continuamos a brincar pedindo cada vez mais do corpo do outro.
Somos amantes em transe. Afasta os meu boxers para longe e coloca-me dentro de si. Os olhos ficam fechados.... Ou será que estão abertos? Não sei dizer pois os meus ficam serrados e sou invadido por uma aura que não é minha. Sinto uma lingua a pedir entrada nos meus lábios. Abro a boca e troca a minha lingua com a dela. Abro os olhos e vejo que me está a observar. Sorriu ao que ela responde com um sorriso e mais um pequeno beijo.

........

Adormeçemos nos braços um do outro. Acordo algum tempo depois, lá fora já é noite e um cobertor apareceu para nos aconchegar. A tarde terminou mas nos vamos ali continuar...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

..................(música)

Bate à porta, o meu impulso já era incontrolável de colocar os meus lábios nos dele, sem ter tempo de dizer "boa noite, entra"!
Empunhava uma flor..., que delicadeza, que doçura, como sabe ele que é das coisas que mais gosto de receber?...
Rolámos até ao sofá, ao som que a aparelhagem tocava, sepre embebidos numa aura indiscritível de prazer..., os beijos..., o toque..., o calor...

- Não tens nenhum sítio mais confortável que o sofá? É pequeno...
- ......sim. Vem comigo!

A intensidade dos momentos adensou, entrei num mundo completamente alheio, já nada importava, só saborear cada gesto, cada beijo, cada carícia... O silêncio, o olhar, o respirar,... que doce!
Onde estamos a ir, onde vamos terminar?...

Sonho: As suas mãos percorrem o meu corpo nu, despido de complexos... A pele macia, arrepiada de prazer. Sinto-o em cima de mim, e o inevitável acontece...
Sou preenchida, estamos unidos..., fecho os olhos, é ele, é mesmo ele!
Nada mais importa neste momento...

2:14 da tarde  
Blogger pushpavan said...


What would you think if I sang out of tune?
Would you stand up and walk out on me?
Lend me your ears and I'll sing you a song
And I'll try not to sing out of key

4:56 da tarde  

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