domingo, abril 23, 2006

V1

Andava afastado desta cidade. Afastado deste país. Seis anos afastado sem me aproximar.
Desaparecido dos mapas dos homens desde aquela viagem pelos alpes. Desaparecido desde aquela noite....

Mas agora sentia a força para voltar à minha terra.

"Nunca mais terás casa tua! Nem terra a que possas chamar mãe."

A voz de Jules não me saia da memória.... Nada nunca mais me sairá da memória.

Paro o carro e avanço para o café. Será que vou ver alguém conhecido? Estou diferente. Fisicamente mais forte, o cabelo comprido mas os 7 ou 8 cm's extra de altura alteram tudo.

Entre as caras que vejo não reconheço ninguém. Procuro o perfume que aqui me chamou. Ela esteve aqui mas já se foi embora. Sento-me e bebo um café. Alguém lá fora olha para mim. Fecho os olhos e inspiro com força enquanto os lábios se levantam num pequeno sorriso.
É o meu velho amigos Miguel... Neste café a probabilidade de o encontrar seria sempre grande.

Avança para mim a medo entre as cadeiras. Não olho para cima até estar a dois passos de mim. Nesse momento levanto-me e olho para ele de cima para baixo. Ele para e olha com olhar estranho para mim. Fico parado a olhar para ele.

"Sim sou eu Miguel... Sou eu e não sou eu..." - Sopro eu para os seus ouvidos enquanto me afasto.

Volto para o meu carro deixando o pobre Miguel parado no café. Talvez um dia destes lhe vá fazer uma visita..... Mas hoje não estou aqui por causa dele.

Pego no carro e arranco de janelas abertas. Preciso de apanhar o teu rasto.

Sigo para os arcos, desço os combatentes, S.José e entro no Norton de Matos. Está cada vez mais forte a tua presença. Paro o carro numa das pracetas e sigo a pé. Estou em frente de uma casa amarela quando paro e me aproximo da porta. É aqui. No primeiro andar uma varanda com a persiana semi-corrida deixa passar alguma luz. Dou alguns passos para trás e tomando balanço salto. A sensação de planar é algo que nunca me vou fartar de sentir.

Espreito pelas frinchas e lá estás tu sentada na cama a ler um livro.... A vontade de levantar a persiana e entrar é grande, mas a regra não o permite. Salto para baixo e toco á campainha.

Pelo oculo uma pequena luz sai para logo desaparecer, estás a espreitar para ver quem é o visitante tardio.

-Quem é? - Ouço através da porta.
-Sou eu sim, os teus olhos não te enganam. Não me convidas para entrar?
-Desculpe, mas quem é o senhor e o que deseja?
-Sou eu "someone". Sou eu que se perdeu e agora voltou.

A porta abre mantendo a corrente. A tua face aparece e espreitando pela nesga vejo os teus olhos zangados numa cara triste.

-Mas que estás tu aqui a fazer? Tu por acaso imaginas o que fizeste? Tens a minima consciência? Depois deste tempo todo... - Não te deixo terminar e refaço o meu convite.
-Não me queres convidar a entrar para conversarmos com calma?

Olhas fundo nos meus olhos e encostando a porta soltas a corrente e abres a passagem. Ao passar por ti consigo cheirar a surpresa que sentes em relação á minha altura, mas que o teu cerebro não sabe processar.
Estou cá dentro. Seria tão fácil chamar as tuas memórias e colocar a minha presença no teu coração.... Mas não esperei estes anos para tal coisa. Se estou aqui é para te contar um conto meu e te pedir para.....

sábado, abril 01, 2006

Mar

Estava um dia de sol lindo. Tudo parecia estar pronto para irmos ao nosso passeio até a beira mar. Abril ainda é muito frio para pensar em fatos de banho e toalhas.

Mas eu não queria sair de casa... Para ser mais preciso eu nem queria sair da cama. As recordações da noite anterior junto com o acordar estavam demasiado vivas e demasiado embutidas na pele para que a mais pequena restia de vontade de sair se esfumasse.

Encostei-me a ti e adormeci mais um pouco.

Quando voltei a acordar estavas ausente do nosso leito. Levanto-me e ouço a água a correr no chuveiro. Abro a porta e espreito através da cortina. Reparas em mim e tentas-te esconder, não gostas de ser observada. Entro no duche para junto de ti. Pego numa esponja e coloco um pouco de gel e começo a passar com suavidade nas tuas costas. Percorro todo a extensão do teu corpo enquanto colo os lábios nos teus ombros.
Quando termino retiras a esponja das minhas mãos e repetes o acto em mim..... Sabe bem ser mimado.

Saimos do banho e depois de nos secarmos enquanto nos devoramos com olhares quentes. Vamos para o quarto e faço te sentir o meu desejo de amor. Mas tu não estás disponível. A noite passada foi demasiado violenta para os nossos pobres corpos.

Vestimos as roupas e rindo de uma qualquer piada descemos para o carro. Ofereces as chaves do carro e avançamos para a Figueira.

[Continuação??? Tu continuas... Ou contas como foi o Domingo :) ]